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Alexandre Nero no Trip FM

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Reprodução

Alexandre Nero no Trip FM

Alexandre Nero no Trip FM


E Trip FM a gente traz pra vocês uma entrevista muito bacana realizada em 2012 com Alexandre Nero, ator que está brilhando como o Comendador da novela das 9, Império.

Na ocasião da entrevista, Alexandre estava lançando seu terceiro disco, Vendo Amor. E ele falou com a gente sobre a carreira paralela como cantor, o começo da sua trajetória, cantando em barzinhos de Curitiba.

Papo interessante e divertido que a gente resgata pra vocês hoje no TRIP FM.

 

SET:

Rolling Stones – Miss You

Erlend Oye – Peng Pong

Artic Monkeys – Why'd You Only Call me When You're High

Greatful Dead – Franklin's Tower

Alexandre Nero – Vendo a Vista


O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


TRIP FM ESPECIAIS DE FÉRIAS

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Ale Potas

Ana Paula Padrão

Ana Paula Padrão, durante entrevista nos estúdios do Trip FM.

O Trip FM também está em um período de merecidas férias, mas em janeiro você confere uma programação das melhores entrevistas exibidas em 2014.

E no programa de hoje, a gente relembra a visita de Ana Paula Padrão em nossos estúdios, anterior ao sucesso do Master Chef, da TV Bandeirantes.

Referência do jornalismo televisivo brasileiro, ela falou sobre ter pedido demissão do cargo mais cobiçado entres os jornalista de televisão, o de âncora do Jornal da Globo. Falou também sobre as mulheres que abdicam da feminilidade e da família para crescer profissionalmente, casamento, maternidade e bolsas, sim, ela confessa sua obsessão por esse acessório.

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E nas próximas semanas tem muita coisa boa pra relembrar no Trip FM. Põe na agenda:

16/01 - Carlos Alberto de Nóbrega

23/01 - Os Gêmeos

30/01 - Rórion Gracie

Lauro Henriques Jr, autor do livro Palavras de Poder, no Trip FM

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Lauro Henriques Jr: Conheço pessoas supostamente espiritualizadas falando em ir embora de São Paulo “vamos salvar nossa pele”. É uma crise humana e a pessoa quer ficar bem na fita

Lauro Henriques Jr: Conheço pessoas supostamente espiritualizadas falando em ir embora de São Paulo “vamos salvar nossa pele”. É uma crise humana... e a pessoa quer ficar bem na fita!

Ele é jornalista, escritor e poeta. Desde 2009 ele tem conversado com alguns dos mais importantes mestres da espiritualidade e do autoconhecimento do Brasil e do mundo.

Da budista Monja Coen ao físico quântico Amit Goswani; do professor Hermógenes, importante difusor da ioga no Brasil, à astróloga pop Susan Miller; do frade dominicano Frei Beto ao Lama Surya Das, um dos conselheiros pessoais do Dalai Lama; da mãe de santo Mãe Stella de Oxóssi ao escritor Rubem Alves.

Todas essas conversas estão compiladas na coleção Palavras de Poder, que teve seu terceiro volume lançado no fim do ano passado.

O papo aqui no Trip FM é com o idealizador e realizador dessa verdadeira enciclopédia da condição humana, Lauro Henriques Jr

 

SET:

Kings of Convenience - "Mrs Cold"

Belle and Sebastian - “Ever Had a Little Faith?”

Criolo - “Cartão de Visita”

Hugh Laurie - “Yeh Yeh”

Bob Marley - “One Love”

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Guilherme Fontes, Marjorie Estiano, Rodrigo Amarante no Trip TV #28

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Enquanto lançava o disco "Oito" que marca sua estreia como compositora, Marjorie Estiano foi chamada às pressas para substituir a atriz Drica Moraes no papel da vilã Cora, na novela Império, da Globo. No papo, a bela, talentosa e premiada artista fala sobre música, televisão e sensualidade: "a função do ser humano é criar, é construir é explorar sua totalidade".

Depois de correr dezenas de países com seu projeto pessoal e prestes a reencontrar com a antiga banda, o músico Rodrigo Amarante conversa com o programa sobre o disco solo, planos futuros e, claro, Los Hermanos: "A gente acabou no auge porque a gente não é negócio. Los Hermanos nunca foi negócio. Sempre foi alegria, tesão".

Guilherme Fontes é ator e foi um dos principais galãs da televisão na década de 80. Depois de 20 anos produzindo seu filme de estreia como diretor e produtor, o Chatô, ele está perto de realizar um sonho. Ou de viver um pesadelo. Enquanto flerta com a possibilidade de finalmente lançar sua obra, ele pode ser condenado a qualquer momento a pagar mais de 80 milhões de reais aos cofres públicos. Ele contou pra gente a epopeia e faz duras críticas ao cinema nacional: "O Brasil pesquisa mal, pré-produz um pouquinho melhor, filma bem, finaliza mal e lança pior ainda".

E ainda: acostumado à lugares paradisíacos, o campeão de stand-up paddle Alessandro Matero dá um role pela águas podres do rio Pinheiros, além de claro: mais uma linda Trip Girl, Rafaela Rocha.

Pedro Sccoby, Bruno Mazzeo, Matheus Nachtergaele no Trip TV #29

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Bruno Mazzeo á pode ser considerado um veterano do humor brasileiro. Filho do ícone da comédia, Chico Anysio, ele escreveu vários programas de sucesso na TV nos últimos 20 anos.

E, já que é Carnaval, o programa foi conversar com Matheus Nachtergaele. Figura recorrente no elenco dos principais filmes brasileiros dos último anos, como "O que é isso, companheiro", "O auto da compadecida", "Bicho de sete cabeças", "Cidade de Deus" e "Serra Pelada", o ator acaba de viver no cinema a história de um dos maiores carnavalescos de todos os tempos, Joãosinho Trinta: “O bonito do Carnaval é que a gente passa alguns dias celebrando a vida em liberdade”.

Com jeito de moleque e cara de menino, Pedro Sccoby conquistou o coração de uma das mulheres mais desejadas do Brasil, Luana Piovani. Em um ensaio sensual exclusivo, o Trip TV revela seu segredo.

E ainda neste programa: a incrível trajetória da dona Vilani, professora autoditada e mãe do rapper Criolo. E o repórter Luis Roberto Formiga reúne a velha guarda e mostra que brincar de skate não é só coisa de criança.

Matheus Nachtergaele comenta a experiência de viver Joaozinho Trinta no cinema no Trip FM

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matheustripfmprint

Nesta edição do Trip FM a conversa é com o ator Matheus Nachtergaele, figurinha carimbada nas principais produções do cinema nacional. 

No ano passado, Matheus interpretou Joãosinho Trinta, o carnavalesco de todos os tempos. E, em ritmo de carnaval, a gente foi falar com ele sobre esse trabalho,

O ator revela também como trabalha na construção de seus personagens e sua experiência como diretor, à frente do filme A Festa da Menina Morta.

SET:

Iggy Pop - Candy

Junip - Always

Van Morrison - Brown Eyed Girl

Shuggie Otis - Hurricane

Daniel Groove - Quem Será que Gosta Mais 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

A trajetória de Dona Vilani, mãe do rapper Criolo

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A incrível trajetória da Dona Vilani, professora autoditada e mãe do rapper Criolo.

Mallu Magalhães, Tony Tornado e Marcello Serpa Trip TV #30

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Mallu Magalhães é uma das grandes revelações da música brasileira dos últimos anos. Extremamente precoce, seu talento e seu relacionamento com o músico Marcelo Camelo sempre foram alvos de polêmicas. Depois de um retiro em Portugal, Mallu voltou à cena musical com a Banda do Mar. E é sobre esse momento especial, mais maduro e extrovertido, que Mallu conversa esta semana com o Trip TV: “No fundo eu sempre fui exibida”.

 

Tony Tornado

Tony Tornado

Ele é um dos precursores da black music no Brasil e é dono de uma das trajetórias mais incríveis do show business brasileiro. Foi paraquedista do Exército na década de 50, morou no Harlem, em Nova York, na década de 60, foi ícone da MPB e vencedor de Festival Internacional da Canção na década de 70, além de ter sido ator de muitas novelas e minisséries da Rede Globo da década de 80 em diante. Pra conhecer um pouco melhor essa figura, o Trip TV recebe Toni Tornado. O cantor e ator conta sobre a temporada nos Estados Unidos e seu encontro com James Brown, além de falar sobre música e preconceito: “A luta continua porque a vitória é certa”.

E Marcello Serpa, sócio da agencia AlmapBBDO e um dos mais respeitados publicitários do país, fala com o programa sobre descriminalização da maconha e o filme Drugo, animação que fez muito sucesso na internet ao propor políticas mais eficientes e humanas para o país lidar com as drogas: “É importante parar de demonizar a droga”.

Ainda nesta edição: a bordo de um planador, você vai surfar nas nuvens com o repórter Luis Roberto Formiga. 


De volta à cena musical, Mallu Magalhães, no Trip FM

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Mallu Magalhães

Mallu Magalhães

E nesta edição do Trip FM a gente traz pra você alguns dos melhores momentos da entrevista que a Mallu Magalhães concedeu para a revista Tpm deste mês. 

A Mallu é capa e está nas Páginas Vermelhas da revista falando sobre o começo da sua carreira, bullying, haters, briga com os pais, o começo do relacionamento com Marcelo Camelo, o retiro em Portugal e mais um monte de coisa legal. 


SET

Novos Baianos - Mistério do Planeta

Angus & Julia Stone - All This Love

Marianne Faithfull - Strange One

You + Me - From a Closet in Norway

Banda do Mar - Mais Ninguém


Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

Marcello Serpa comenta a produção de Drugo, animação sobre o fracasso da Guerra as Drogas

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Marcello Serpa, sócio da agencia AlmapBBDO e um dos mais respeitados publicitários do país, fala com o programa sobre descriminalização das drogas e o filme Drugo, animação que fez muito sucesso na internet ao propor políticas mais eficientes e humanas para o país lidar com as drogas: "É importante parar de demonizar a droga".

Assista também o curta completo abaixo

Na época, Trip noticiou o lançamento de Drugo.  Lembra?

 

Tony Tornado, ícone da black music nacional

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Ele é um dos precursores da black music no Brasil e é dono de uma das trajetórias mais incríveis do show business brasileiro. Foi paraquedista do Exército na década de 50, morou no Harlem, em Nova York, na década de 60, foi ícone da MPB e vencedor de Festival Internacional da Canção na década de 70, além de ter sido ator de muitas novelas e minisséries da Rede Globo da década de 80 em diante. Pra conhecer um pouco melhor essa figura, o Trip TV recebe Toni Tornado. O cantor e ator conta sobre a temporada nos Estados Unidos e seu encontro com James Brown, além de falar sobre música e preconceito: “A luta continua porque a vitória é certa”.

Fábio Porchat, Pitty e o ensaio do Mohamad do Masterchef no TripTV#31

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Fundador do Porta dos Fundos, workaholic e ansioso convicto, Fábio Porchat abre seu cérebro caótico para o Trip TV desta semana e fala sobre rotina, assédio, alimentação, exercício físico e tesão: “Gosto de dormir, gosto de acordar, gosto de trabalhar, gosto de comer, gosto de foder... Gosto de fazer tudo”.

Ela é a maior representante do rock brasileiro contemporâneo e, depois de um hiato de cinco anos, acaba de lançar seu quarto álbum de canções inéditas, o Setevidas. Pitty conversa com o programa sobre o disco novo, processo criativo, rock’n’roll, tatuagem e hipertiroidismo, doença que mudou seu corpo: “No final das contas os revezes servem para alguma coisa”.

No fim das contas ele não conseguiu conquistar os jurados do programa Masterchef, aqui da Band, e foi eliminado na semifinal. Mas, com seu jeitão meio atrapalhado e com muita atitude, Mohamad Hindi Neto conquistou o público, principalmente o feminino. Pra quem estava com saudade do rapaz, o Trip TV traz ele de volta para a cozinha, mas, dessa vez, com muito menos roupa.

Ainda neste programa: os segredos da apneia, prática que melhora o desempenho físico de esportistas e que salva vida de surfistas.

Henrique Fogaça, sucesso como jurado do Masterchef, hoje na cozinha do Trip FM

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Henrique Fogaça é o convidado deste Trip FM

Henrique Fogaça é o convidado deste episódio do Trip FM.

Ele é um dos mais badalados e comentados chefs de cozinha do momento. Natural da joia do interior paulista, a formosa Piracicaba, e criado no oeste do estado, na bela Ribeirão Preto, antes de se descobrir nas panelas, ele cursou um pouco de arquitetura, comércio exterior e chegou a trabalhar em um banco.

Largou tudo para se matricular no curso de Chef Executivo, na FMU, e começou a vender hambúrgueres na Kombi do cunhado. Depois da Kombi, vendeu sanduíches porta a porta, fez estágios com outros chefs, até que foi convidado à abrir um café na Galeria Vermelho, local que ele batizou de Sal Gastronomia, hoje um importante restaurante de São Paulo.

O papo nesta edição do Trip FM é com Henrique Fogaça que, no ano passado, obteve um sucesso tremendo como jurado do programa Masterchef, na Band. 

 

Set: 

Jack White - Alone in my Home

The Slackers - Sarah

Jorge Ben Jor - Mais que Nada

The Growlers - Humdrum Blues

Kirsty McGee - Salt 

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

Facundo Guerra: o dono da noite paulistana

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Gil Inoue

Mesmo alguém chamado Facundo já foi criança um dia. E, num desses dias, Facundo zanzava entre as gôndolas de um mercado perto de sua casa, quando deu de cara com um aprazível saco de balas, que lhe pareceu absolutamente irresistível – não fosse um detalhe. Seu preço estava além dos trocados que trazia no bolso.

Para sua alegria, o código de barras ainda era ficção, e o valor de cada uma daquelas centenas de mercadorias coloridas estava marcado em etiquetas. Etiquetas removíveis. Assim, num rompante de malandragem peso pluma, trocou o preço de seu açucarado objeto do desejo pelo de algo cujo valor coubesse em seu orçamento juvenil.

Naturalmente, o caixa sacou a mutreta e acionou o gerente, que por sua vez ligou para o responsável do dimenor. E lá se foi o doutor Onofre Guerra, médico homeopata, resgatar o filho daquele castigo no quartinho dos fundos da loja.

“Quando ele chegou, me disse uma coisa que nunca vou esquecer”, lembra Facundo, que recita as palavras com sua voz mansa: “Ó, teu sobrenome tá emprestado. Teu avô foi torturado por ele. Já me fodi muito pra não enlamear esse nome. Não me foda o Guerra por 1 cruzeiro”. 

PERNAS ARGENTINAS

Facundo Guerra nasceu há 41 anos em Córdoba, na Argentina, justamente porque seu avô foi torturado e seu pai se fodeu muito.

No pequeno município paulista de Presidente Bernardes, José da Silva Guerra, o avô, levava uma jornada dupla de médico e militante do Partido Comunista Brasileiro. Se a popularidade com os pacientes não foi capaz de impedir uma penca de detenções brutais durante a ditadura militar, serviu ao menos para que lhe poupassem a vida.

Vendo o regime apertar no início dos anos 70, recomendou ao filho, que lhe herdara tanto a vocação profissional quanto política, que fosse estudar medicina na Argentina, então voltando a respirar ares civis. Onofre trocou a Juventude Comunista pela provinciana Córdoba.

Entre uma aula e outra, gamou na jovem vendedora do quiosque instalado em frente à universidade. Ela também achou graça naquele brasileiro, que sempre pedia para ver o que estivesse na prateleira do alto – obrigando a argentina a subir no banquinho e revelar toda a plenitude de suas pernas.

HIPSTERLAND

Três filhos e uma abertura política depois, a família Guerra decide se estabelecer no Brasil. “A gente era classe média baixa, não vou dizer pobre porque não era, mas não tinha grana pra porra nenhuma”, resume Facundo. “Morava em Santa Cecília [região central paulistana], que não era a hipsterland que tá se tornando.”

Graças a bolsas de estudo, frequentou os colégios de elite Mackenzie e Bandeirantes. Graças ao sotaque hermano e à timidez, frequentou o punho dos valentões da escola. “Eu era o argentino bobão”, reconhece, hoje do alto de seu 1,85 metro cevado em treinos de boxe e corridas de 10 quilômetros.

Bom nerd, cursou engenharia de alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia (bolsista, de novo). A diversidade de interesses o levaria a uma pós-graduação em jornalismo internacional e, depois, ao mestrado e doutorado em ciências políticas. Sua carreira de executivo passou pelas multinacionais Tetra Pak, American Express e Aol, até ser bruscamente interrompida pelo estouro da bolha da internet: aos 30 anos, perdeu o emprego de gerente na gigante norte-americana de tecnologia.

MARRETADA

Em vez de preparar um currículo, Facundo aceitou o convite para abrir uma boate com um amigo que já era do ramo, atual ex-amigo (“Conhecer o [José] Tibira foi a melhor coisa que me aconteceu. A segunda melhor foi me afastar dele”).

Nascia o Vegas, que logo virou referência na revitalização do Baixo Augusta. Revitalização? “Falar em revitalização é quase fascista, né? Não existia vida antes, se pobre frequenta não tem vida?”, rechaça Facundo. “Não tinha essa coisa heróica, tava interessado em aluguel baixo.” Sete anos depois, baixaria as portas, vítima do hype que ajudou a criar, inviabilizando os aluguéis da região.

Mas o Grupo Vegas já era realidade. Hoje, emprega cerca de 300 funcionários para atender, segundo Facundo, mais de 800 mil pessoas por ano nos bares Z Carniceria, Volt e Riviera, e nas casas noturnas Lions, Yatch e Cine Joia – todos em São Paulo.

Facundo quer mais, muito mais. Planeja abrir quase dez novos espaços nos próximos dois anos. Dois deles, já em obras: o Museu do Agora, espaço de cultura no que restou do Belvedere Trianon, próximo à avenida Paulista, e uma casa de shows onde ficava o legendário Aeroanta, no Largo da Batata. Um terceiro, o bar PanAm, no topo do Maksoud Hotel, abriu no final de janeiro. “Tá na hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar”, diz. “Tô com uma mão muito boa.” 

Trip. Você postou no Facebook: “Um salve para aquele que será o melhor ano da minha vida. 2015, te tenho pelos chifres”. Pelos chifres?

Facundo Guerra. É que não acredito em sorte. Há dez anos, invisto na minha reputação. Empresário brasileiro é meio extrativista, tenta tirar o máximo de lucro no menor tempo possível. Desde que abri o Vegas, aposto no meu capital social, na minha reputação, e não no capital financeiro, pra colher os frutos mais pra frente.

O ano promete ser difícil, você não fica preocupado em abrir tantos lugares novos? São quase dez espaços novos entre 2015 e 16, mas não tenho medo. Os projetos precisam de pouco investimento, todos têm um aluguel muito baixo, um ticket médio baixo. E o entretenimento sofre menos com a crise. Por mais que a pessoa tenha se fodido, precisa de escapismo para suportar.

O tamanho dos seus negócios mais que dobraria. Mas os projetos não são variações sobre o mesmo tema. Não tô montando mais um barzinho... No Maksoud Hotel, vão ser o bar PanAm, o café com comida orgânica e floricultura Planta e o cinema em parceria com a rede francesa MK2. O restaurante no terraço do prédio da Gazeta, na avenida Paulista...

Esse em parceria com o chef Alex Atala? Isso, queremos fazer também um parque público lá no alto. Tem também uma casa de shows onde era o antigo Aeroanta, no Largo da Batata. O Drive In, uma sala de cinema no Belas Artes. O Clube,um clube de música via crowfunding. O Museu do Agora, no Belvedere Trianon, dedicado a artistas sem galeria, músicos sem casa, iniciativas sem espaço. E estamos tentando fazer uma parceria público-privada para operar os planetários dosparques do Ibirapuera e do Carmo.

Planetários? Em toda cidade que aterrisso, a primeira coisa que faço é ir ao planetário. Não consigo acreditar que em São Paulo não tenha um planetário funcionando. Uma cidade que não tem horizonte, que não tem estrela...

O risco não aumenta quando você sai da sua área? O que você aprende em uma, replica na outra.

O que casa noturna tem a ver com planetário, cinema e floricultura? O serviço, a programação e a relação da pessoa com o espaço. Tudo isso você vai encontrar dentro dessas estruturas de entretenimento.

Qual o faturamento do Grupo Vegas? Sinceramente, não sei. Não me preocupo com número.

Alguém tem que se preocupar com número. Aí tenho um sócio que cuida só da parte financeira, com a equipe dele. Meu homem da máxima confiança. Ele me diz se tá tudo bem, se posso relaxar. Sempre tive uma relação quase virtual com dinheiro. Muito dinheiro passou na minha mão, muito dinheiro foi embora… Quanto dinheiro preciso acumular? Vou pegar meus milhõezinhos e investir em que, cobertura na Vila Olímpia? Em carro importado, casa em Maresias?

''Quanto dinheiro preciso acumular? Vou pegar meus milhõezinhos e investir em que, cobertura na Vila Olímpia? Carro importado, casa em Maresias?''

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A casa noturna Club Yacht

A casa noturna Club Yacht

Qual seu patrimônio pessoal? Tenho um apartamento de 90 metros quadrados na [rua] Bela Cintra, e não fica no lado do Jardins. Reinvisto tudo, tudo, tudo [em novos negócios]. Tô num jogo de pirâmide: tudo que ganho num empreendimento coloco no outro. E depois no outro.

Pirâmide parece meio irresponsável. De certa maneira, não tô sendo o cara mais responsável do mundo. Vou cacifando, porque acredito no que tô fazendo. Também tenho que ter lucro, não sou ONG. Não tô a fim de pagar pros outros se divertirem.

Você é sempre sócio majoritário? No Volt, no Z e no Joia sou majoritário. No Yatch, Lions e Riviera tenho 50%.

Mesmo assim não junta dinheiro? É engraçado, porque todo mundo me vê meio como Tio Patinhas. Tiro entre 15 e 20 paus por mês, salário de executivo de médio escalão. Como meu custo de vida é baixo, ainda sobra. Meu colchão deve ser de 150 mil reais, se tanto. Não é questão de pagar de pobre, de modesto. Só que os lucros que os lugares geram financiam novos lugares. Nunca tô num lugar, estou sempre no próximo.

É uma ansiedade, você não consegue curtir o lugar? Nunca consigo curtir o lugar. Vou me arrepender em algum momento, tenho certeza, mas não consigo relaxar o rabo.

Consegue ficar sem fazer nada? Nunca, tô sempre fazendo alguma coisa.

Você compartilhou no Kindle um trecho do Henry Miller que tem a ver com isso: “Manter a cabeça vazia é um feito e tanto”. Alienação é uma coisa chave na minha vida. Não leio jornal, não tenho cabo há anos, não me relaciono com TV aberta. As notícias respingam em mim via redes sociais, um feed que vou silenciando cada vez mais... O único veículo que acesso é o Gizmodo gringo, que me fala de amanhã a partir de hoje.

Queria não fazer nada? Queria, sou um vagabundo de espírito. Um dia faço isso, mas agora é meu tempo. Tô superpotente, com aquela energia de jovem-leão-velho. É a hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar. Tenho muita sorte de viver isso. Muita gente apaga antes do tempo, nem carbura. Tô vivendo uma vida foda. Tô com uma mão muito boa.

''Por mais que eu recupere símbolos da cidade, no fundo vendo álcool. [...] Na minha cabeça, como botequeiro, sou um dealer legitimado pelo estado''

O que é mais difícil no Brasil: ser argentino ou empresário? Ser argentino hoje em dia nem é mais uma questão. Escolhi ser brasileiro, tenho dupla cidadania. Sou mais brasileiro que muito cabra que conheço... Ser empresário no Brasil tem a burocracia pesada, a dificuldade de acesso à tecnologia, tudo isso. Por outro lado, tem um mercado foda, um monte de coisas que ninguém fez. Vai no Brooklyn montar mais um café... Fodeu, já tem 30 cafés diferentes. Aqui, não.

Você tinha sotaque quando chegou? Tinha, meu primeiro idioma foi lá na Argentina, me confundia muito no português. Minha mãe fala que fiquei uns anos mudo quando cheguei ao Brasil. Só voltei a falar com uns 5 anos.

Era zoado na escola? Mano, eu era o argentino bobão. Meu número no colégio era 24, foda... Era péssimo em esporte, nunca tinha treinado. Nasci com os calcanhares esmigalhados, não andava direito. Usava aquelas botas ortopédicas pesadonas, sentia muita dor. Tive que colocar pino de platina.

Com quantos anos? Uns 12, não podia ser operado antes porque meu pé estava crescendo. Fiquei dois anos em recuperação, na cadeira de rodas. Também não cortava o cabelo direito, minha mãe achava lindo meu cabelo de cuia... E ainda era cu de ferro, sempre fui o melhor aluno ou estava entre os cinco melhores.

Apanhava no colégio? Levava tanto cascudo que parei de ir pro recreio e ia pra biblioteca. Em cinco anos li toda a enciclopédia Conhecer, a coleção Os Bichos, Asterix, Tintim.

Quando começou a devolver? Ah, mais tarde. Uma hora você cansa de apanhar. Como já tinha apanhado muito, tinha uma vantagem: não tinha medo de apanhar. Quem batia muito não tava acostumado a apanhar. Era uma vantagem minha... Não sei se tô romantizando, mas sempre tive a impressão de ser underdog. Não fui fazer pós, mestrado ou doutorado à toa: foi porque a imagem que tinha de mim mesmo foi deformada pela minha [baixa] autoestima. Sempre me vi menor do que aquilo que fazia. Até hoje, acho tudo uma paspalhada. Na minha cabeça, como botequeiro, sou um dealer legitimado pelo estado.

 ''A noite é um outro mundo. Você é um office boy, mas na noite se veste de mulher, tem outro cacife social. São Paulo, superconservadora de dia, berço do malufismo, é libertária pra caralho à noite''

Gil Inoue

Quebrando tudo no antigo Aeroanta, casa de shows ícone dos anos 80 e um de seus novos projetos

Quebrando tudo no antigo Aeroanta, casa de shows ícone dos anos 80 e um de seus novos projetos

Por vender álcool? Não é moralismo? Não é uma questão moral, é ética mesmo. O álcool é uma droga, tenho amigos que mascaram a dependência indo beber na boate... Por mais que eu possa ter a melhor infraestrutura, recupere um símbolo de identidade paulistana, a papagaiada que for: no final das contas, vendo álcool.

Seu maior faturamento vem da bebida? É, no final das contas é isso que tô vendendo. Tudo bem, no Riviera vendo álcool e comida. No Joia vendo só álcool, às vezes a bilheteria equilibra o custo do artista, o lucro vem do álcool.

O que incomoda no álcool: ser legitimado pelo Estado ou ser uma droga? Ser uma droga, não. Cada um escolhe seu veneno, poison of your choice. Me incomoda é participar dessa indústria... Uma vez me encontrei com o presidente global de uma marca de vodca. Vem um gringo pra São Paulo, os caras me chamam pra conversar sobre o mercado. Sou aquela membrana do underground possível pra uma corporação...

O cara se sente seguro. Exatamente, sou limpinho. O gringo falou: “Você trabalha com noite, é tão glamoroso, as pessoas estão sempre celebrando a vida”. Truta, onde você esteve?! Boate não é necessariamente o lugar mais feliz do mundo. Ao mesmo tempo, cumpre uma função superimportante, de escapismo. Então, tenho uma relação meio tensa com vender álcool, esse álcool coberto por uma camada dourada.

O que bebe quando sai à noite? Água, nem energético bebo mais. Não bebo álcool e também não gosto de refrigerante.

Você nunca bebeu? Devo ter tomado uns dois porres na vida. Como comecei tarde minha vida social, passei longe dessa afirmação da hombridade pelo álcool. Tentava beber, botava um pouquinho de vodca e enchia de Fanta, mas não suportava o gosto do álcool.

Qual foi a última vez que bebeu? Anos 90, num porre com uns amigos de infância... O banheiro do bar era muito podre. Acordei todo mijado, abraçado a uma latrina. Sou incompatível com o efeito e o sabor do álcool, do ponto de vista organoléptico mesmo.

E outras drogas? Nunca tive uma relação muito forte com droga. Tenho medo de me prejudicar fisiologicamente, de impactar meu cérebro, meu poder de processamento. Uso cannabis pontualmente. Reservo a velhice para o consumo de entorpecentes. Nos meus 60 anos, vou me drogar todo santo dia [risos].

Por quê? Não é comédia, acho que as drogas são consumidas no momento errado das nossas vidas.

O que planeja usar? Anfetaminas, porque acho que vou precisar de uma carga extra de energia. Ácido, ecstasy. Quando você é jovem, a vida já te apresenta muita chance de experimentar outras sensações, sem drogas. Quando a vida vai ficando mais entediante, a droga é uma ótima maneira de se livrar do peso da velhice.

O que já experimentou? Experimentei tudo uma vez: ecstasy, maconha, ácido, cocaína, mescalina, ópio, heroína…

Como foi com heroína? Injetando e dando tiro, mas foram poucas vezes. O problema é que dissolve seu ego, ao ponto de você deixar de existir como indivíduo. Me lembro que dei um shot de he- roína e por pouquíssimo tempo fui uma almofada, de um jeito muito bizarro... O [filósofo Félix] Guattari e o [Gilles] Deleuze falavam dos devires, da capacida- de de você ter uma alteridade dentro de si mesmo. Quando tomei Bentyl, um xarope, me lembro que virei um gato, fiquei de quatro miando a noite inteira.

Tô com medo de perguntar o que você virou quando tomou ácido. Tomei ácido uma vez no show do AC/DC, foi uma merda. Porque tem a droga e a circunstância... Um dos poucos preconceitos que tenho na vida é com a cocaína, acho uma droga horrorosa.

Por quê? É uma droga produtiva. Não cria uma alteração de consciência, você reforça quem você é. E você tá reforçando o tráfico, os fabricantes de arma, todo esse círculo vicioso que passa pela ilegalidade. Acontece com qualquer substância proibi- da, mas com a cocaína é em maior escala.

A solução é legalizar as drogas? Legalização geral. Não sei de que maneira... Impedir a busca por um alterador de consciência é impossível. E a ilegalidade só cria um regime de controle de negros e pobres. Droga é ilegal um pouco também por causa desse mecanismo de controle.

Seu mestrado fala da resistência à sociedade de controle. Tava preocupado com o seguinte. A resistência no século 19 passava pela sabotagem, jogar tamanco na linha de produção... No século 20, pela revolução. Por onde passaria no século 21? Quando a internet apareceu, era aquela coisa utópica. Quando escrevi a tese, dez anos atrás, já falava: não, se a internet tem uma origem no Estado, se foi apropriada pelo Estado, o controle vai ser do Estado.

"Tomei ácido uma vez no show do AC/DC, foi uma merda. Um dos poucos preconceitos que tenho na vida é com cocaína, acho uma droga horrorosa"

Sofria preconceito no mestrado? Não sei se preconceito, mas não me levavam mui- to a sério. E tudo bem. Meu mestrado afetou profundamente a maneira como eu ve- jo o mundo. Você não sai incólume quando entra em contato com Deleuze, Foucault, Nietzsche ou, sei lá, Clastres... É um pensamento muito vivo, muito potente. Tem um esgarçamento da sua visão de mundo.

Depois você ainda faria doutorado. Pra que fui fazer doutorado? Pra porra nenhu- ma, até hoje não fui buscar meu diploma. Fiz pra provar pra mim mesmo que podia, pra me sentir menos imbecil, menos bur- ro. Por que abri sete boates, e vou abrir mais dez lugares? Pensa, vou ter que lidar com essa parada toda pelo resto da minha vida, vai ser minha maldição. Hoje tô bem, abrindo um monte de lugares, recebendo atenção... Daqui a 20 anos, malandro, vou desmontar tudo isso, e ninguém vai estar aqui pra me ajudar. E vai ser duro, quanto mais você cresce, maior o tombo. Pode ser que eu leve um puta tombo, pode ser que tenha um final feliz...

O que pensa em fazer quando parar? Dar aula, se tiver dinheiro suficiente para sobreviver com salário de professor.

Carreira universitária? Não tenho paciência pra dar aula pra gente que está entediada, fingindo que tá te ouvindo. Penso em voltar a dar aula, tive muito prazer nisso durante bastante tempo. 

Dava aula de quê? De redação pré-vestibular, na PUC. Era meio social, a gente cobrava dois blocos de sulfite de alunos que não podiam pagar o cursinho, conseguimos convênio com a xerox da universidade pra imprimir as apostilas. Foram uns quatro, cinco anos. Já era dono do Vegas.

Dono de boate e professor. Trabalhava à noite, chegava às 7 da manhã pra dar aula até 4 da tarde. Não aguentava, minha saúde começou a detonar. Uns anos depois, quando já tava com o Lions, também dei aula de alfabetização para adultos por dois anos.

O que te interessava nessas aulas? Essa relação entre professor e alunos de mundos completamente diferentes é muito rica. Você aprende pra caralho, e não tô jogando chavão. Você começa a medir a sua realidade como uma cota da realidade do outro, você se sente mais afortunado porque tem acesso às coisas...

O paulistano tá mais orgulhoso de São Paulo? Tá ficando. Carioca bate no peito, gaúcho é quase separatista... Paulistano nunca teve orgulho da cidade. Sempre teve uma relação de extrativismo. “Vou fazer minha vida e fujo quando tiver 40 anos.” Agora a gente tá criando amor pela cidade de São Paulo.

Como é viver de entretenimento numa cidade que só pensa em trabalho? O entretenimento é proporcional ao trabalho. Onde se trabalha muito, se festeja muito. E a gente trabalha pra caralho. Precisamos escapar da vida modorrenta, do trânsito, da violência. Não sou eu que digo, é a imprensa gringa: São Paulo tem uma das maiores noites do mundo.

''Tô superpotente, com aquela energia de jovem-leão-velho. É a hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar. Tô vivendo uma vida foda. Tô com uma mão muito boa"

Quantas vezes por semana você sai à noite? Saio uma vez por mês, se muito. Ba- sicamente, pra ver show. Acordo às 8 e vou dormir 11, meia-noite no máximo.

E quem cuida das suas casas noturnas? Pessoas em que confio, meus sócios... Minha função não é mais ficar na operação.

Como saber o que funciona à noite sem sair? Acompanho tudo pelas redes so- ciais. Um amigo vai numa festa e vejo o line-up, as fotos do espaço, ouço o podcast. As redes me libertaram da necessidade de estar no lugar. Mas, como nunca olhei mui- to para a concorrência, o que o vizinho tá fazendo não me importa muito.

Por que a noite é especial? A noite é um outro mundo. Ela te permite ser um ou- tro, exercer outro papel. Você é um office boy, mas na noite se veste de mulher, tem outro cacife social. É muito estra- nho: São Paulo, que é superconservadora de dia, berço do malufismo, é libertária pra caralho à noite. Essa tensão entre dia e noite faz São Paulo vibrar como nenhuma outra cidade no mundo.

Tem uma Parada Gay gigante e, ao mesmo tempo, o cara apanha na Pau-lista por ser gay. Acho até obsoleto ficar falando de opção sexual das pessoas, di-zer “sou hétero” ou “sou gay”... É um me- canismo de compartimentação. No meu microcosmo, a sexualidade não importa mais. Eu não me importo mais, mas já foi um tema pra mim.

Se preocupava em ser visto como gay? Sou hétero, mas tenho um clube gay. Sempre gostei das festas gays. A música é melhor, o ambiente, mais festivo. Conheço mais gays que héteros: são meus amigos, meus sócios, os padrinhos da minha filha.

Recebe muita cantada de homem? Muito mais do que de mulher. Tudo bem, lido da mesma maneira.

Já teve vontade de ter uma experiência gay? Não, porque tenho pavor de homem. Não tenho nenhuma atração pelo macho arquetípico, pelo corpo do homem.

Pavor não é meio extremo? [Ri] Hummm, pode falar: “Ih, é gay, escorregou no quiabo!”. Não gosto do corpo do homem, ao mesmo tempo cumprimento meus amigos com beijo no rosto, abraço, dou tapa na bunda, não tenho nenhum problema... Mas a ideia do pinto me causa uma certa repugnância. Quando soube que teria uma filha, parecia que tinham me falado que eu tava curado de um câncer.

"Acho obsoleto ficar falando de opção sexual, dizer 'sou gay'. É um mecanismo de compartimentação. No meu microcosmo, a sexualidade não importa mais. Eu não me importo mais"

Como assim? Porque não teria que lidar com homem desde o começo. Homem é violento, predador. São características mi- nhas, reconheço, e são incômodas. Preciso de suavidade do outro lado. Não quero ter que lidar com outro homem: é sempre um duelo de alces, medindo forças.

Você é competitivo? Sou, mas todo mun- do que vive em São Paulo é, senão você não sobrevive. São Paulo não permite que você seja hippie.

E hipster? Aí ela te abraça. [Ri] Se você não tem um pouco de violência dentro de si, como sobrevive em São Paulo? Não dá, é uma cidade cruel nesse sentido.

Incomoda ser chamado de hipster? Sou o tiozão dos hipsters! [Risos] Fui no casamento do Pat Mahoney, do LCD Soundsystem, quer coisa mais hipster que isso? O hipster virou uma grande caricatura. Qualquer coisa é hipster. O cara resolve mexer na própria moto: hipster. Resolve ter barba: hipster.^^~-_-

Você se identifica? Se a pessoa precisa dessa categoria, vou fazer o quê? Não me ofende. Também não vai mudar as coisas de que gosto.

Você também é competitivo com seus amigos? Não, com meus amigos, não. Também porque tenho uma visão muito minúscula daquilo que faço. Tô fazendo uma obra, não tô fazendo um clube. Então a minha relação é um pouco como um peão ou empreiteiro de obra. Hoje nem cuido tanto de obra, mas até o Cine Joia cheguei a dormir na obra. É foda, você coloca pra fora uma parte tua. É meio como escrever um livro... Hum, tô falando besteira.

Mas seus lugares têm mesmo uma narrativa: o Lions montado como um clube de cavalheiros, o Yatch naquele clima gay- Querelle, o Riviera olhando pra própria história... Você cria os conceitos? Sim, crio a armação. Mas depois vem cenógrafo, arquiteto, meus sócios. Os projetos dificil- mente têm autoria... No momento que você coloca alguma coisa pra fora, vai ser julga- do. Tem gente que odeia o que eu faço.

Por quê? Ah, me julgam o Eike Batista da boate. Acho engraçadíssimo. Ah, beleza, você faz melhor? Pelo menos tô produzin- do, fazendo coisas. Tenho muito preguiça de pit bull de lan house. Mas não consigo resistir, eu bato boca.

Discute com comentarista de internet? Sei que tô errado... É que tenho uma questão com a covardia. Se olhar nos meus olhos e disser “Você é o Eike Batista da bo- ate”, vou dar a minha opinião: o Riviera ia virar uma Drogasil, o que seria melhor? Se a gente divergir, beleza. Agora, fazer isso pelo Facebook é muito baixo.

Você conhecia esse cara? Conhecia, mas viramos desafetos. Engraçado é que trombei esse cara do Facebook no super- mercado, no dia de Natal. Fiquei dando com o carrinho no calcanhar dele, e fa- lei: “Você é meu Chester hoje, fala aqui na minha cara”. Um cara que faz crítica no Facebook e quase chora quando te encontra... Vai usar fralda! Não consigo baixar a cabeça. É bom ter uns inimigos, não preciso ser unanimidade.

Pra que serve inimigo? Se for bem esco- lhido, pra medir potência com você. Um bom inimigo você respeita tanto ou mais do que um amigo. É teu antípoda, teu nêmesis. Meu sobrenome não é Guerra à toa. Sobrenome é uma sentença.

Qual foi a última vez que você brigou? Foi este ano. Tava no Belvedere Trianon, e tinha um ponto de crack ali dentro. Quando a GCM [Guarda Civil Metropolitana] veio para limpar a turma, eu, humanista do caralho, falei: “Calma, são dependentes, deixa eu conversar com os caras”.

Como foi? Aí conheci o Carioca, o dono da boca. Ele tinha acabado de sair da prisão. Chegou pra mim trincado, sem ca- misa, rosto comido: “Tenho seis [assassinatos] comigo, você é meu sétimo”. Faço boxe, não tenho medo de muita coisa, mas fiquei com medo. Comecei a andar com taser, estilete, tenho aquela carteira que abre e vira uma faquinha.

Ia armado mesmo? Vou até hoje.

Chegou a sair na mão com o cara? Não, mas tive um confronto: “Porque tá falando que vai me pegar por trás? Vem”. Não chegou a descambar, provavelmente o cara ia me estraçalhar. Prefiro resolver tudo no campo das ideias, me sinto mais confortável ali. Mas tem figuras com quem a troca de sopapos acaba sendo uma forma de comunicação. Se o cara me leva para esse lugar, aceito. Já aconteceu na boate... As pessoas ficam selvagens com álcool.

O que houve? Pisei no pé do cara e pedi desculpa. Ele falou “desculpa o caralho, sai andando”. Não vou sair andando. Aí o cara me dá um soco na orelha! Prefiro perder todos os dentes da boca do que perder es-sa ideia obsoleta que tenho de honra.

Como terminou? Com o cara sendo arrastado pelo chão do Vegas, como se fosse um trapo sujo. Com testemunhas. Tem esses momentos de explosão, mas já parei. Não vai me colocar como um cara violento, que sai brigando a torto e a direito, pelo amor de Deus! Mas se a coisa descamba pra esse lado…

"Sou o tiozão dos hipsters! [Risos] Fui no casamento do Pat Mahoney, do LCD soundsystem, quer coisa mais hipster? Qualquer coisa hoje é hipster. O cara resolve ter barba: hipster" 

Chamar um segurança não seria melhor? Ah, não. Não chamo ninguém pra fazer meu trabalho sujo. O cara não é meu segurança, é um segurança patrimonial... O cara não pode fazer o que quiser, ele tem que encontrar um obstáculo à sua violência. Tá no campo da ética: não inva- de meu espaço.

Já passou perto da morte? Uma vez levei uns tiros. Não me acertaram. Tinha uns 20 e poucos anos, foi um desentendimen- to numa festa, saí do prédio. Não sei se o cara tinha uma arma no carro, só sei que voltou. Ainda bem que não era um atirador experiente. Eu tava subindo na moto, deu três tiros. Você ouve aqueles silvos perto. Aí eu olhei, o cara me olhou... Acho que ele continuou apertando [o gatilho], mas não aconteceu mais nada.

Briga de festa. Um empurrão, não foi mur- ro, não. Nem prestei queixa, e pouquíssi- mas vezes falei disso. Teve outra vez um acidente feio de moto, que eu deveria ter desaparecido. Fui projetado por uns 15 me- tros, meu capacete chegou a rachar. Não aconteceu nada comigo, nem um roxinho. Me lembro do corpo no vazio, girando três vezes no ar e caindo feito ovo frito no chão.

Usa moto no dia a dia? Não fosse pela moto, eu teria outra relação com a cidade. O carro te fecha numa bolha e te isola da cidade, você olha pra cima e vê o teto. Na moto, vê os prédios. Pelos menos uns três lugares já achei de moto, o Joia, o Lions, o próprio Riviera... Se vejo uma placa de “aluga-se” de carro, comovou parar no trânsito? Não para. De moto, paro, entro, fuço.

Qual sua moto?É uma BMW RnineT, 1200 cilindradas. A primeira moto que compro em dez anos. Pô, tenho uma fi- lha, minha moto tava sem freio! Preci- so de um ABS. É uma moto de 50 paus, financiada, tá tudo certo.

Com a filha, Pina, e suas tatuagens de veia à mostra

Com a filha, Pina, e suas tatuagens de veia à mostra

 "Não gosto da ideia de morte lenta. O suicídio é uma ideia linda, a maneira como Hemingway morreu: um tiro de escopeta de caçar elefante e pronto, desmaterializou sua cabeça"

Você queria ter filho? Queria, mas não tinha planejado. Quando tive a Pina [há dois anos, com a companheira Vanessa Rozan], tava montando o Yacht e o Lions, tinha uma dívida de R$ 2 milhões e faltavam dois me- ses pra entregar minha tese de doutorado, que tava no primeiro capítulo.

Como sua filha mudou sua vida? Ah, dá uma consciência meio ilusória de permanência, de transcendência da morte. E uma preocupação de manter o sobreno- me limpo, pra ela herdar. Você começa a se preocupar com a memória que você vai deixar pro teu rebento. Você não é nada mais que um exemplo... Tive uma reação completamente louca, comi a pla- centa da minha filha.

Que gosto tem? De carne humana. Quan- do você vai conseguir quebrar o tabu do canibalismo se não for com a placenta?

Tem uma onda meio hippie de comer placenta, né? Não sabia... Foi bizarro. A Pina nasceu na água, e o cara cortou a placenta e me deu num saquinho. Que porra faço com isso? Ele disse: “Bota numa árvore e agradece aos céus por sua filha ter nascido saudável”. Saí com a placenta num saquinho de supermercado. Cheguei em casa e coloquei no freezer. Dois dias depois, a Pina chorando a noite inteira, acordo de manhã, pego a placenta, pico em cubinhos, misturo com um monte de frutas vermelhas e bato no liquidificador. Foi muito instintivo. Tomava todos os dias de manhã, colocava no suco.

Você se considera excêntrico? Engraçado, nessa coisa de excêntrico tem uma questão social muito forte. Po- bre nunca é excêntrico, pobre é louco. O excêntrico é sempre o rico [risos].

Tem que poder pagar a análise pra ser excêntrico. Devo ser, todo mundo é ex- cêntrico visto de perto. Tem gente muito mais estranha que eu, que se esforça pra isso. Sei lá, acho fazer botox excêntrico pra caralho! Tem coisas que me trazem prazer estético, intelectual. Nem sei se a taxidermia é excêntrica, colecionar coisas estranhas virou norma. Se isso é mórbido, se isso é diferente...

As pessoas costumam deixar bicho morto na geladeira, você deixa na sala sua coleção de animais empalhados. O que é a morte? Vida e morte são proces- sos químicos. A morte é uma transfor- mação. Não em alma, mas em verme, planta, carbono, hidrogênio. Pra mim taxidermia tem a ver com um prolonga- mento da vida, não com a morte.

Muita gente se dá conta da morte ali pelos 40 anos... A morte começa aos 40 anos, fica mais palpável. Envelhecer é pra macho, respeito muito quem consegue envelhecer bem. Na noite do meu aniver- sário de 40 anos, vomitei sem parar.

O que causou tanto incômodo? A concretização e materialização do fim. Fazia uns 15 anos que não vomitava. Me depa- rei com o fim físico. Parece que comecei a sentir o processo de decadência quase em nível celular... Não gosto da ideia de morte lenta. O suicídio ativo é uma ideia linda, a maneira como Hemingway mor- reu: um tiro de escopeta de caçar elefan- te e pronto, desmaterializou sua cabeça.

Suicídio é uma ideia que tá na sua cabeça? É um direito fundamental. A so- ciedade valoriza a vida o tempo inteiro, a biopolítica. Você tem que prolongar tua vida... Se você é vítima de um cân- cer terminal, que conforto vai ter pro- longando um sofrimento que não tem nada a ver com o que você viveu?

Por que resolveu tatuar sua própria veia? Na época do doutorado, li um texto do Deleuze que falava “o mais profundo é a pele”. Essa porra virou meio que um TOC, ficou ricocheteando no meu crânio quase um ano. O mais profundo é a pele, o mais profundo é a pele…

O que te pegou nela? Tenho terror à trans- cendência, à crença em alguma coisa abs- trata. Pra mim, o que os sentidos capturam já é complexo demais. Sempre fui alérgi- co a qualquer coisa tipo “um deus maior governa o mundo”. “O mais profundo é a pele” resumia tudo em que eu acreditava.

Pra encerrar: agora é sexta-feira à noite, o que você vai fazer? Responder e-mails, tenho uns 30 pra agora. E 20 mensagens do WhatsApp. E mais quatro chamadas.

Tá começando o expediente? De certa forma não interrompe nunca, lazer e tra- balho andam juntos. Essa é a tristeza do empresário da noite.

Pitty: A maior expoente do rock nacional da atualidade

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Ela é a maior representante do rock brasileiro contemporâneo e, depois de um hiato de cinco anos, acaba de lançar seu quarto álbum de canções inéditas, o Setevidas. Pitty conversa com o programa sobre o disco novo, processo criativo, rock’n’roll, tatuagem e hipotireoidismo, doença que mudou seu corpo: “No final das contas os revezes servem para alguma coisa”.


Fabio Porchat, workaholic e ansioso convicto no TripTV

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Fundador do Porta dos Fundos, workaholic e ansioso convicto, Fábio Porchat abre seu cérebro caótico para o Trip TV desta semana e fala sobre rotina, assédio, alimentação, exercício físico e tesão: “Gosto de dormir, gosto de acordar, gosto de trabalhar, gosto de comer, gosto de foder... Gosto de fazer tudo”.

Supla, Lais Souza, Cássia Eller e Facundo Guerra no Trip TV #32

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Filho de dois importantes políticos brasileiros, Eduardo Suplicy e Martha Suplicy, o cantor Supla, o eterno papito, faz um surpreendente desabafo político esta semana no Trip TV e fala sobre música e John Lennon: “Eu sempre gostei do John Lennon por ele se posicionar politicamente, mas sei que dentro da sua vida [pessoal] ele fazia coisas absurdas”.

Lais Souza é um dos grandes nomes da ginástica olímpica brasileira. Foram três Olimpíadas disputadas na modalidade. Aposentada da ginástica, Lais se preparava para representar o país pela quarta vez, dessa vez na edição de inverno dos Jogos, na modalidade de esqui aéreo, quando um grave acidente mudou seus planos e sua vida. Em conversa exclusiva com o Trip TV, Lais dá detalhes do acidente, fala sobre a lesão que a deixou paralisada do pescoço para baixo e revela de onde vem a força para lidar com esse difícil momento da sua vida. 


Maria Eugênia Martins, ex-companheira de Cássia Eller, e Paulo Henrique Fontenelle, diretor do recém-lançado filme Cássia, revelam a pessoa por trás da artista: "O público só conhecia o estereótipo da cantora sapatona que cospe no palco e mostra o peito".

O documentário Sem pena mostra a falência dos sistemas carcerário e judicial brasileiros. Para compreender melhor a profundidade e as origens desse problema, o Trip TV conversa com Eugênio Puppo, o diretor do filme: “Sim, somos um país que prende pobres e pretos e não prende ricos e brancos”.

Ainda neste programa: uma conversa com Facundo Guerra, o empresário mais ousado, inovador e bem-sucedido da noite paulistana.

Dan Stulbach, prestes a assumir a bancada do CQC, no Trip FM

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divulgação

Dan Stulbach

Dan Stulbach

Dan Stulbach é está neste episódio do Trip FM.

Prestes à assumir a bancada do CQC, da Bandeirantes, o ator e apresentador fala com a gente sobre esse novo momento da sua vida.

Ele vai contar tudo sobre esse convite para assumir o CQC, vai falar de Saia Justa, programa lá do GNT que ele também apresenta, humor, exposição, desafios,vai contar como é que é ser diretor artístico de teatro, vai revelar se ele vai, ou não, abandonar a dramaturgia!


SET

James Brown -- Out of Sight

Asaf Avidan -- Ode to my Thalamus

Raul Seixas -- Todo Mundo Explica

Regan Perry -- Tell Your Friends

Joy Division -- Disorder

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

 

Laís Souza: ex-ginasta relembra acidente e fala da superação no Trip TV #32

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Lais Souza é um dos grandes nomes da ginástica olímpica brasileira. Foram três Olimpíadas disputadas na modalidade. Aposentada da ginástica, Lais se preparava para representar o país pela quarta vez, dessa vez na edição de inverno dos Jogos, na modalidade de esqui aéreo, quando um grave acidente mudou seus planos e sua vida. Em conversa exclusiva com o Trip TV, Lais dá detalhes do acidente, fala sobre a lesão que a deixou paralisada do pescoço para baixo e revela de onde vem a força para lidar com esse difícil momento da sua vida.

Diretor de ''Sem pena'' fala sobre a falência do sistema carcerário brasileiro

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